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sexta-feira, outubro 06, 2006

Aromas da Minha Terra (5)





AROMAS DA MINHA TERRA (5)


1
No desporto, o Independentezito
Famoso com Estrelas lá do sítio
Conquistaram taças Provinciais
E discutiram até títulos Nacionais

2
Mastros engalanados, fundeadas
Juntinhas, lado a lado perfiladas
Proas p’rà missa campal voltadas
Ouvindo o sermão, ali abençoadas

3
Os vigários na praia orações celebravam
Todos, entre juras e preces, rezavam
O fogo tradicional soava p`rà Senhora
E a sirene agradecia ensurdecedora

4
Amei a chuvinha na terra
Inchou o peito de sabores
Nas encostas lá da serra
Molhadas, exalando odores
Bordados tapetes de flores

5
Gota de orvalho! Deserto!
Quiçá, nutrientes pá bicharada
Pelo rosto resvalando aberto
Coração deserto, alma fechada
Pode estar liberto!
Pode estar amargurado!
Ou o sentimento apertado

6
Nas ondas do mar alto,
Ó gaivotas à volta do barco!
Abracem o aroma que o mar tem
Transportem o que é de ninguém
À gente, ontem pertinho de mim,
Que tanto quero, hoje por aí assim


14/Fevereiro/2006
Abel Marques




Explicação de Aromas 5

1º poema – A Bola na Cabeça. Fala do Clube da terra, o Independente Sport Clube, que foi várias vezes campeão de Angola e veio por duas vezes ao Continente Europeu disputar a Taça de Portugal. Uma delas com o União de Tomar e outra com o Benfica (na altura, o Eusébio ainda jogava). O jogador mais habilidoso e que fazia a diferença, de nome Estrela, inspirou-me para o conjunto. Todos eles passaram a ser “Estrelas”.

2º e 3º - Na festa da Senhora da Conceição, padroeira da terra, as traineiras e canoas encostavam as proas à praia. O estrado de madeira construído na praia, frente aos barcos, era o púlpito onde o padre rezava a missa nesse dia. Dada a mansidão das águas dentro da baía (tal como em São Martinho do Porto), os barcos podiam, sem receio, encostar a proa na areia pois nunca corriam o risco de encalharem. Ao acabar a missa campal, os barcos engalanados (tal como em algumas povoações piscatórias de Portugal) faziam soar as suas sirenes e a população estalejava foguetes.

- Huuummm... perfume arrebatador. Fala do cheiro (delicioso) da terra quando chove. Sensações que nos invadem o peito e o sentimento. “Bordados tapetes de flores”, diz respeito às flores silvestres da Serra, no interior, que por serem muitas eu as transformo em tapetes bordados por mãos delicadas (a Natureza).

. Este chorar faz verter a lagrimazita no canto do olho. Fala da nostalgia. Os animais do deserto só bebem água pela manhãzinha porque o orvalho da madrugada deixa gotas nas pontas dos pequenos arbustos existentes. As carochas sobem ao cimo das dunas levantam e viram a parte traseira do seu corpo para o mar para conseguirem captar gotas de humidade (orvalho) da manhã. Os coelhos bravios comem os rebentos dos pequenos arbustos do deserto para saciarem a sede (são os “nutrientes para a bicharada”).

. A minha gente morena. Fala da saudade que tenho dos amigos (alguns da tenra idade da escola primária) que nunca mais os vi. Andam simplesmente por ai.

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