CONTEMPLAÇÃO
Ela ali está, abstracta e solitária,
Sentada sobre a areia
E de olhos postos no além…
Mulher de carne, em gestos de sereia,
Com os olhos a boiar
Nas ondas mansas do mar,
Com o mar a baloiçar
Nas ondas do seu olhar…
Que pensa ela, a estranha visionária?
Em que está ela absorta?
Pensa, talvez, que é uma esperança morta,
Que há-de florir, ainda das espumas
Ou ressurgir além, das próprias brumas…
Ela ali está, abstracta e solitária,
Sentada sobre a areia
E de olhos postos no além…
Mulher de carne, em gestos de sereia,
Que bem podia, transmudada em mármore,
De olhos perdidos nessa azul distância,
Ser a estátua da Ânsia,
Sem prantos e sem voz,
Que vive em todos nós!...
José Galvão Balsa
“Feitiço do Namibe”
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